As govtechs e a transformação digital na administração pública

Uma das grandes disputas travadas pela Amazon e a Microsoft com reviravoltas dignas de uma novela da Televisa chegou ao fim no começo do mês.

O foco da disputa era um contrato de US$ 10 bilhões de dólares com o Pentágono em que a empresa de Bill Gates levou a melhor.

Intrigas políticas à parte, o tamanho do contrato do Projeto Jedi do Pentágono mostra como, de maneira geral, a Administração Pública é um grande comprador.

E se a Transformação Digital é um grande desafio para as grandes empresas, para o Estado não é diferente.

Vale lembrar que uma das promessas de posse do presidente francês Emmannuel Macron era criar um Estado mais próximo dos jovens, mais inovador, introduzindo uma cultura do “startup way” no governo.

Se Macron está conseguindo introduzir essa cultura só o tempo dirá, porém mostra como, cada vez mais, a Transformação Digital será pauta da Administração Pública.

Os desafios da Administração Pública, sobretudo no Brasil, são inúmeros e vão desde problemas essenciais de saúde, segurança, gestão de dados, até a transparência dos atos públicos, combate à corrupção e a aproximação entre os representantes e a população.

E para ajudar nesses desafios, surgem as Govtechs, startups que desenvolvem tecnologia para o poder público.

É o caso da Colab, que é uma plataforma de relacionamento e engajamento entre o cidadão e o poder público.

Outro exemplo, na região de Campinas, é a Stattus 4, que usa a Inteligência Artificial para identificar problemas na distribuição de água.

Se já é um grande desafio para um empreendedor brasileiro tirar uma ideia do papel, empreender com uma startup govtech é uma saga ainda maior, pois o poder público tem uma série de burocracias e protocolos que dificultam o caminho de startups e desestimulam a exploração desse mercado.

A bem da verdade, é que muitas startups são desaconselhadas já nos programas de aceleração, pois muitos mentores e investidores veem dificuldades de vender e escalar uma solução para órgãos públicos.

Um exemplo recente é o caso do WhatsApp Pay, que foi proibido pelo Banco Central sem grandes justificativas, para o cidadão. A impressão que ficou é que o governo poderia estar defendendo interesses dos grandes bancos ou garantindo espaço para chegada do PIX (meio de pagamento instantâneo) ao mercado.

Um outro exemplo que remonta, é o caso da OriginalMy, que mesmo com tecnologia de ponta (blockchain) para certificação de documentos, não consegue facilitar a vida dos usuários. A burocracia do Estado não permite que o cidadão troque o Cartório, um serviço lento e caro, pela startup.

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Há também os casos em que a própria legislação cria dificuldades para o processo de inovação. Veja que, durante anos, as startups de saúde que propunham soluções de telemedicina, eram proibidas de operar no Brasil, porém por conta da pandemia esta hipótese passou a ser considera, pelos nossos governantes.

Portanto, a Administração Pública, cada vez mais, terá um papel relevante, para posicionar o Brasil no ranking mundial da tecnologia e da inovação.

Nossos líderes têm a difícil missão de remover esses obstáculos para “proteger as startups” do meio político, e facilitar a conexão com o meio acadêmico e empresarial. A ideia de um plano diretor de tecnologia e Inovação, de longo prazo, com políticas de incentivo, regulação e supervisão, além de e investimentos e modernização da máquina pública, vem funcionando sobremaneira, em diversos países.

A sociedade civil também tem se movimentado para diminuir o abismo entre as startups e o poder público. Programas como o IdeiaGov do Governo do Estado de São Paulo e o BrazilLab que conta com diversas prefeituras parceiras, visam aproximar o poder público dessas startups para garantir pelo menos a validação das suas soluções.

No entanto, para fazer-se bom uso destas tecnologias e trazer agilidade para a Administração Pública, será preciso mais do que programas isolados. O estado precisa adotar uma cultura de Transformação Digital pública.

E não adianta se perguntar, “se” isto irá acontecer. A pergunta certa é “quando” isto irá acontecer.

Este é um caminho inevitável e quem ganha com esta transformação é a população, pois pilares como a empatia, a centralidade ao usuário, a inteligência de dados e a experimentação, comuns nas empresas de tecnologia têm grande capacidade para melhorar os serviços públicos.

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Feijó – CEO da WeGo Hub de Inovação

Fundador do Movimento IDEIA e voluntário do Startup Weekend.

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