As startups nascem, com pouco ou nenhum dinheiro, apenas validando problemas reais que afligem um grande número de pessoas.
“Um novo sonho americano” nasceu na Califórnia no final do século XX, quando empreendedores de garagem começaram a criar soluções que em poucos anos teriam a capacidade de desbancar grandes empresas centenárias.
O sonho de criar uma “Apple” ou um “Facebook” fizeram com que empreendedores explorassem novos mercados, e um jeito diferente de fazer negócios.
Empresas com faturamentos milionários como Blockbuster, Kodak, Blackberry, Nokia são exemplos de empresas que desapareceram ou se tornaram irrelevantes por não inovarem.
Não que elas não tivessem orçamentos astronômicos em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), mas apesar de inovarem em produtos, não inovaram em seus modelos de negócios, e acabaram ficando pelo caminho
A Blockbuster, teve a oportunidade de comprar a Netflix, mas declinou dessa decisão, e hoje, a última locadora da rede, localizada em Bend, no Oregon, funciona mais como um museu, onde é possível passar uma noite dos “anos 90” no local, como se fosse um “hotel-fazenda”.
A Kodak até chegou a criar a primeira câmera digital, mas não lançou no mercado pois aquela novidade afetaria toda a cadeia das boutiques que revelavam os filmes, um mercado bilionário até aquele momento.
Mas o que levou essas empresas à irrelevância em poucos anos?
Seria leviano acharmos que a falta de inovação tecnológica, ou um único erro estratégico seriam a explicação para a derrocada dessas gigantes, mas a verdade, é que uma soma de fatores ligados à cultura organizacional e ao modelo de gestão, é que colaboram para um grande desastre.
Pode parecer simples, na perspectiva da história, mas não é nada fácil para um líder convencer acionistas e a si próprio, a abrir mão de uma vaca leiteira para apostar em algo desconhecido.
Já para uma startup, isso é um pouco diferente, não há muito a perder…
Elas são formadas por um grupo pequeno de pessoas, e estão em fase de validação do seu modelo de negócio. A incerteza é intrínseca ao ambiente empresarial, o que induz os participantes a arriscarem mais.
As startups nascem, com pouco ou nenhum dinheiro, apenas validando problemas reais que afligem um grande número de pessoas.
Até que suas soluções e/ou produtos cheguem, em escala, ao mercado, tudo pode acontecer, e ainda assim as perdas serão pequenas: não há marca a ser preservada, se falir os prejuízos não serão tão grandes, os times são pequenos e além de tudo, os fundadores acumulam conhecimento e podem voltar para um novo round, com uma outra ideia inovadora.
Um dos pontos que levam as startups a inovarem mais, é a liberdade de errar e testar várias coisas rápida e simultaneamente.
Por esses motivos possuem muito mais agilidade para propor soluções, testarem novos modelos de negócios e fazerem mudanças repentinas.
Como exemplo podemos observar o comportamento recente de startups amplamente afetadas pela pandemia, como nos casos do Sympla e da Gympass.
O Sympla realizou uma parceria com a Zoom e passou a comercializar eventos online.
A Gympass apostou em “treinos digitais” para manter a clientela após o cancelamento dos planos corporativos, e mais recentemente está lançando serviços como academia, prática esportiva e mindfulness para as crianças.
Para competir com as grandes, as startups buscam os nichos e por estarem mais próximas dos clientes conseguem oferecer um serviço mais humanizado e por isso conquistam fãs, não apenas clientes. Os bancos digitais são bons exemplos de uso desta consciência.
Vale aqui lembrar que o Startup Mindset carrega em si uma premissa que é a centralidade do usuário.
A experiência do cliente, e o foco na “dor” que os empreendedores aprendem desde cedo, é o que leva as startups a desenvolverem soluções que realmente atendem as necessidades do mercado.
A tão falada transformação digital tem sido uma grande dor de cabeça para as corporações e começa a ficar mais claro que não adianta automatizar processos, mas a digitalização deve estar nos modelos de negócios e para isso é preciso promover internamente uma revolução cultural.
É preciso abrir as portas para a inovação e permitir que um novo modelo mental ocupe os corredores e as coxias das empresas. Inovação aberta passa a ser possível quando uma grande empresa consegue flexibilizar os seus processos de homologação de fornecedores e consegue contratar uma startup, de forma simples e desburocratizada.
Um caminho para as empresas se conectarem com startups e estabelecer parcerias estratégicas são através dos hubs de inovação, como a WeGo, que possui diversos programas de formação e desenvolvimento de negócios.
Essas parcerias com startups e hubs permitem que as empresas otimizem seu investimento e esforços, pois não precisam se desviar do seu “core business” para estimular projetos inovadores dentro da organização.
Além disso, os hubs possuem programas educacionais estruturados para a formação de intraempreendedores, que ainda é um grande desafio da sociedade brasileira.
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Feijó – CEO da WeGo Hub de Inovação
Fundador do Movimento IDEIA e voluntário do Startup Weekend.
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